The Batman | O brilhantismo no mundo decadente de Matt Reeves

Desde meados de 2019, o projeto intitulado como ‘The Batman’ já carregava inúmeras polêmicas em seu desenvolvimento com a saída conturbada de Ben Affleck, somado ao fracasso comercial da primeira versão da Liga da Justiça, entre outros acontecimentos. Mas a principal delas, nesse caso, foi a escolha de Robert Pattinson (Cosmopolis, O Farol, Bom Comportamento), que desagradou boa parte daqueles que se denominam “fãs” do personagem — mais especificamente homens de meia idade, que agem como uma espécie de milícia digital por não terem seus anseios e delírios de um suposto mundo ideal representado nas telas. Essa reação, declaradamente conservadora, se apoiava no histórico do protagonista na antiga saga vampiresca ‘Crepúsculo’, que catapultou à fama do ator, mas também o assombrou por muito tempo. Hoje em dia, em suas próprias palavras, deixou de ser algo ‘cool’ destilar ódio sobre uma franquia que possuía até mesmo seus méritos cinematográficos.
Seguindo a ideia da Warner Bros de desenvolver uma nova e, mais autoral, franquia do Morcego, o nome de Matt Reeves foi o favorito para fazer o projeto virar realidade. O diretor que já era reconhecido pelo surpreendente ‘Cloverfield’ (2008), e pelo prestígio da trilogia Planeta dos Macacos, acabou se consagrando pela excelência que sempre fez com que seus trabalhos tivessem destaque em meio a inúmeros projetos de Hollywood onde, corriqueiramente, a autoria criativa é colocada em segundo plano em função dos interesses comerciais em cima dos filmes lançados.
Seguindo a ideia da Warner Bros de desenvolver uma nova e, mais autoral, franquia do Morcego, o nome de Matt Reeves foi o favorito para fazer o projeto virar realidade. O diretor que já era reconhecido pelo surpreendente ‘Cloverfield’ (2008), e pelo prestígio da trilogia Planeta dos Macacos, acabou se consagrando pela excelência que sempre fez com que seus trabalhos tivessem destaque em meio a inúmeros projetos de Hollywood onde, corriqueiramente, a autoria criativa é colocada em segundo plano em função dos interesses comerciais em cima dos filmes lançados.
Essa construção do personagem é potencializada no decorrer do filme por uma fotografia que capta todas as nuances de Pattinson em planos muito bem utilizados, seja nos ‘close ups’ de seus olhares frios e sedentos por ‘justiça’, ou em planos mais abertos que evidenciam a presença imponente que dá origem a todo o medo sentido por aqueles que perturbam a ordem da cidade. Deixando claro que ainda não existe uma distinção muito clara sobre onde começa o Batman e onde termina o jovem magnata Bruce Wayne, e qual o papel dessas duas figuras em Gotham City, cidade que foi explorada ao máximo por Matt Reeves.

Junto a todo o poder de imagem que Reeves faz uso, a trilha sonora de Michael Giacchino é parte fundamental para compor toda a estética necessária para dar vida a esse universo. Se o público é apresentado a um Bruce Wayne ‘grunge’ com forte inspiração no músico Kurt Cobain, ‘Something in the way’ do Nirvana se encaixa perfeitamente na jornada de uma figura perdida no próprio estrelato, sem saber exatamente seu papel naquela grande narrativa. Seguindo essa ideia, o trabalho de Giacchino possui diversas faces, navegando radicalmente pelo mistério, terror e tensão. Destaque para a faixa principal do vigilante que, se observada de perto, aproxima-se de uma marcha fúnebre que muito se assemelha a outras já tão conhecidas da cultura pop como a ‘Marcha Imperial’ de Star Wars.
Acompanhando o brilhantismo de Pattinson, o elenco de apoio que reúne Andy Serkis, Jeffrey Wright, Zoë Kravitz, Colin Farrell, John Turturro e Paul Dano são pilares que representam de forma física diferentes aspectos de Gotham. Acabam funcionando como entidades que apresentam as diversas facetas desse mundo. Por mais que sua passagem seja breve, Serkis apresenta um Alfred que vai um pouco mais distante da figura do bom mordomo paternal. Seguido de Jeffrey Wright, que funciona praticamente como uma dupla para o Batman, gerando uma dinâmica de parceria muito familiar do cinema noir de investigação.

Ainda nessa linha, Zoë Kravitz é a grande femme fatale da história, adicionando camadas de romance e tensão sexual que fazem um contraponto muito bem-vindo à toda trama considerada “bruta”. Da mesmo forma que John Turturro possui uma presença quase que magnética como o mafioso Carmine Falcone. Enquanto, mais afastado do núcleo urbano, Paul Dano não entrega nada muito fora do seu esperado, por mais excelente que isso seja, dado seu histórico com esse tipo de personagem.
Essa escalação por mais óbvia que soe é a evidência perfeita de que, mesmo dentro de uma história ou situação que já foi reproduzida algumas vezes, Matt Reeves é capaz de encontrar a sua forma única de contar uma história, mesmo que a montagem do filme acabe resultando em uma longa duração que pode não agradar a todos.
Considerando toda experiência proporcionada pelo longa, o diretor reafirma sua vasta bagagem como um autor no audiovisual, ao mesmo tempo que apresenta com brilhantismo ao público e ao mercado que histórias, por mais batidas que sejam, sempre possuem novas possibilidades ao serem contadas.
Se por um lado, parte dessa indústria acredita que é necessário investir em um grande modelo de histórias que se conectam ao longo dos anos, Matt Reeves apresenta uma alternativa que, ao longo prazo, parece ser muito mais memorável. Ciente de que se encontra em um mundo decadente, o filme, sendo pessimista na maioria de seus momentos, acaba sendo uma grande vela em meio à escuridão que esconde as boas histórias.
Se por um lado, parte dessa indústria acredita que é necessário investir em um grande modelo de histórias que se conectam ao longo dos anos, Matt Reeves apresenta uma alternativa que, ao longo prazo, parece ser muito mais memorável. Ciente de que se encontra em um mundo decadente, o filme, sendo pessimista na maioria de seus momentos, acaba sendo uma grande vela em meio à escuridão que esconde as boas histórias.
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