Crítica

F.E.T.O. - Estudos de Dorotéia Nua Descendo a Escada

Renata Bar
A adaptação de Nelson Rodrigues trata de toda a constelação estética numa expressão intelectual do deslocamento de um ofício estético e visual das artes plásticas para o teatro.
Batman e Mulher-Gato em foto do fillme 'The Batman'
F.E.T.O. - Estudos de Dorotéia Nua Descendo a Escada é livremente inspirado na farsa irresponsável de Nelson Rodrigues, tendo como cruzamento o trabalho de Marcel Duchamp "O Nu descendo a escada" e 'No Vento e na Terra I", de Iberê Camargo.O conceito de apropriar-se de algo já feito de modo  indireto representa uma coisa ou uma  ideia sob a aparência de outra.

O ator como instrumento individual e em sua partitura, leva adiante à cena com características previamente treinadas no seu papel/personagem; informações do ofício do ator na biografia de cada um. O personagem é o próprio currículo e biografia do ator, conferindo “verdade”, veracidade à cena. Uma representação que, o suporte do personagem não está na criação de um papel e sim no indivíduo que traz suas questões pessoais e próximas da vida e da contemporaneidade do lugar de fala. 
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É necessário estar presente para que o observador enquanto platéia escute o conjunto todo e saiba perceber a proposta artística determinada pela obra, pelas escolhas: alegoria, metalinguagem, semântica e símbolo. O humor é maestria, ao dissecar a peça de Nelson Rodrigues e fazer a releitura na linguagem contemporânea, os elementos que figuram e desfilam no espetáculo, mais do que contar o drama; partes que constroem a visão do diretor acerca de técnica de montagem na própria vocação e forma de identificação intelectual ou afetiva do sujeito, Gerald Thomas, como idéia de uma coisa, um espetáculo ao que se espera de efeitos, ritmo, cadência, escolhas, planos, luzes, montagem, figurino e direção.
Robert Pattinson como 'Bruce Wayne' no filme The Batman
Ao que tange à hierarquia da encenação, vemos a decomposição do movimento por meio da desaceleração das posições que o corpo ocupa no deslocamento da linha percorrida no espaço, bem como a representação pictórica de Marcel Duchamp em "O Nu Descendo a Escada" transposto para o palco a câmera lenta do ator em cena com ajuda de um suporte aéreo. 

É um espetáculo que desmonta a estrutura dramática dando lugar ao artista cênico em primeiro plano, no resultado estético final de uma performance. Os papéis divergem do personagem, os atores são experimentos do diretor na busca de uma encenação, ao iniciar o trabalho de mesa de leitura, vem a ser uma indagação do processo aberto do que seria a concepção do espetáculo, fazendo do meio a mensagem.
Dorotéia está em cada ator, na arte da conquista de "um hálito doce e no perfume de uma sombra" na voluptuosa Fabiana Gubli, no sexy Rodrigo Pandolfo, em Lisa Giobbi especializada em modalidade de dança aérea, em Beatrice Sayd na voz contrária ao senso comum do feminismo. Raul Barreto um ator cômico  e Ana Gabi nos entrelaçamentos, amarrando a desconstrução da mítica Dorótéia de Nelson Rodrigues apresentando a maldição do amor. 

A iluminação tinha forte presença dando à característica de um espetáculo com lighting designer, figurino que havia uma forma de padronizar o preto a diferença e a sonoplastia era apoio do ator nas diretrizes do diretor.A peça tem como resultado a obstinada vigília de quem experimenta o prazer e volta para domar as volúpias secretas de quem jamais dormiu para jamais sonhar,  sem leitura psicológica centrada na castração do gozo, é apenas desencanto e vazio.    
Ficha técnica 
Criação e Direção: Gerald Thomas

CoDireção, Coreografia e Performance Aérea: Lisa Giobbi

Elenco: Fabiana Gugli, Rodrigo Pandolfo, Lisa Giobbi, Beatrice Sayd, Ana Gabi e Raul Barretto.

Dramaturgismo: David George

Desenho de Luz: Wagner Pinto

Cenografia e Direção Técnica: Fernando Passetti

Adereços: Clau Carmo, Raíssa Milanelli

Figurinos: João Pimenta

Poeta: Luciene Carvalho

Sonoplastia e Trilha Sonora: Ale Martins

Músicas:Portugal é um Nerologismo: Fatima Vale & Charles SangnoirS

KÆLV B: Kasper Toeplitz & Jørgen Teller

A Guerra, A Guerra II, Marcha Fúnebre: Eduardo Agni

Lamento: Eduardo Agni (com participação especial de Mônica Salmaso – voz)

Direção de Produção: Dora LeãoAssistente de Direção: André Bortolanza

Assistente de Produção: Ingrid Lais Monreal

Assistentes de Iluminação: Gabriel Greghi, Gabriela Cezario

Assistente de Cenografia: Vinicius Cardoso

Assistente Técnico: Samuel Kobayashi

Contrarregras: Calú Batista, Raíssa Milanelli

Maquinistas: ClaudioBoi, Mazinho, Rafael Dias, Zé Da Hora

Cenotécnicos: Carol Nogueira, Casa Malagueta, Neide Cecilia, Rafa Dias, Su Martins, Usina da Alegria Planetária, Zé Da Hora

Auxiliar de Montagem: Eron Dias, Iuri Dias, Leandro Wildenes, Rodrigo do Nascimento, Willians dos Reis

Direção e técnica do vídeo (de Ana Gabi): Carol Thusek

Visagismo: Louise Helène

Aulas de Corpo: Fabricio LicursiCamareiras: Andrea Lima (Temporada), Maria Rosa Nepomuceno (Ensaios)

Segurança: Juliana Ferreira

Assessoria de Imprensa: Ney Motta

Desenho e Pintura: Gerald Thomas

Fotos de Divulgação: Carol Thusek, Claudia Santos de Oliveira

Produção e Administração: PLATÔproduções

Realização: Sesc SP

Agradecimentos: Adriane Gomes, André Boll, André Omote, Beatriz Gugli Oliveira, Bruno de Mario, Fatima Vale, Flora Barros, Giovanne Piantavinha, Grazi Vieira, Guilherme Bortolanza, Guilherme Marques, Hans Aschenbach, Jørgen Teller, Julia Moreira, Liliane Guglielmetti de Carvalho, Luciene Carvalho, Mileny Santos Lima, Sr. Alan, Sr. Brasil, Persona Seguros, Pégasus Saúde e toda a equipe do Sesc Consolação.
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