Crítica

The Sandman |
Um sonho que virou realidade

Wallace A. Vivas
Após anos desde seu lançamento nos quadrinhos, Sandman deixa de ser um sonho para os fãs, e se torna realidade em live-action que entregou fidelidade, mas com alguns pesares.
Batman e Mulher-Gato em foto do fillme 'The Batman'
No último final de semana (05), estreou na Netflix a adaptação da prestigiada HQ de Neil Gaiman, Sandman. Após 34 anos desde seu lançamento nos quadrinhos, Sandman deixou de ser apenas um sonho para os fãs, e finalmente se tornou realidade num live-action que entregou fidelidade, mas com alguns pesares. 
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Sandman é sem dúvidas uma das HQs mais importantes já lançadas até hoje, com suas tramas profundas e histórias marcantes é inegável o porquê de Neil Gaiman ter sido tão super protetor e ter recusado inumeras propostas para levar às telas do cinema esse clássico absoluto que havia criado para a Vertigo, antigo selo adulto da DC comics. Mas, depois de 34 anos após seu lançamento, e com o próprio Gaiman na coordenação do projeto, ao lado de David S. Goyer e Allan Heinberg, a primeira adaptação oficial chegou à Netflix.
A primeira temporada da série seguiu a mesma trama dos quadrinhos, onde a personificação do sonho (Tom Sturridge) é capturado por engano por cultistas usando magia das trevas sob os comandados do mago Roderick Burgess (Charles Dance) numa tentativa de capturar a morte, e conquistar a imortalidade e o poder te trazer de volta a vida entes queridos já falecidos. E mesmo que a adaptação tenha seguido bem de perto aquilo que nos foi apresentado lá em 1988, as narrativas da adaptação seguiram com algumas mudanças que transpassaram mais naturalidade para o ritmo das séries de TV.
Robert Pattinson como 'Bruce Wayne' no filme The Batman
As mudanças não mudaram em nada a história de Morpheus, e mesmo que detalhes como o visual punk-gótico que trazia um sentimento de sujeira e degradação quando estávamos no mundo desperto,  além de uma tensão onde algo sempre parecia errado e sombrio tenha ficado de fora, as principais mudanças focaram em dar personalidade para certos personagens que acabam cruzando com o caminho do nosso protagonista, como foi o caso de Coríntio (Boyd Holbrook) e Desejo (Mason Alexander Park), que tiveram suas presenças mais antagônicas do que nos quadrinhos.
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A produção de Netflix teve como mérito a escalação de atores que transpassaram para as telas belas atuações, onde personagens como Coríntio, Lúcifer, Estrela da manhã (Gwendoline Christie), e Johanna Constantine (Jenna Coleman) entregaram todos os jeitos e características de seus personagens, principalmente a personagem de Jenna Coleman que foi alterado de seu personagem original nos quadrinhos, o mago de araque, John Constantine. Elogios não faltam também a Kirby Howell-Baptiste, que teve um papel curto, mas não deixou de entregar todo o amor, carinho, carisma e doçura da personagem Morte.
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Apesar da Netflix ter nos entregado uma boa adaptação, claro, com muita competência de Neil Gaiman que estava supervisionando o projeto, a série deixou alguns pesares, já que nem todo sonho é um bom sonho, e às vezes pesadelos acontecem. Um dos principais defeitos da série é a qualidade de seus efeitos visuais, e mesmo que a produção tenha tido um bom orçamento, coisa de US$ 165 milhões, os efeitos conseguem ir de criaturas fantásticas e belas para cenários tão digitais que colocam em xeque toda a imersividade do público com a obra, ocasionando também com que os fãs e os telespectadores não sintam a diferença do mundo do sonhar com o mundo desperto, algo que é muito importante e presente na HQs.

Um outro ponto questionável, é a falta de horror, como Sandman é uma história em quadrinhos voltada para adultos, o horror está meio que sempre presente ao decorrer das páginas, e por mais que a série seja de indicação +18, o mais perto disso foi o capítulo “24/7” que recria a fatídica história de John Dee, que usa o rubi de sonho para mexer e torturar com as mentes das pessoas em uma lanchonete de beira de estrada. O  desenvolvimento que John Dee teve não ficou muito convincente, já que a cara de bonachão de David Thewlis, não entrega totalmente um visual psicótico. 
Robert Pattinson e Jeffrey Wright como Batman e James Gordon
A falta do horror e o afastamento de Morpheus do vale da estranheza é o que mais faz falta nos fãs mais árduos, já que esses elementos eram um bom jeito para definir o que é um perpétuo, que é quase um ser lovecraftiano, que apesar de possuir uma forma física que serve mais como um avatar, é um ser de uma infinitude incompreensível e incomensurável, que é o que faz separá-los do resto da humanidade.
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A série tem seus pequenos erros e defeitos nesse seu primeiro ano, mas que são facilmente jogados de lado ao vermos o todo, como as belas atuações e as tramas apresentadas, mesmo que sem muita reflexão que nem nos quadrinhos, a série consegue transpassar todo o universo genial que Neil Gaiman criou e protegeu com tanto carinho, e que agora é a porta de entrada para que novos fãs surjam e admirem o mundo do Sonho e seus irmãos.
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